Estudo de oficiala aponta impacto do estresse na saúde mental da categoria

Durante o Mestrado em Direitos Humanos, a oficiala de Justiça de Alagoas, Fânia Alves de Lira, realizou um estudo sobre o impacto do estresse na saúde mental dos servidores de linha de frente do Judiciário no impacto da Covid-19, em especial dos Oficiais de Justiça de Alagoas.

“Esta pesquisa teve por objetivo analisar o nível de estresse dos Oficiais de Justiça em atividade no âmbito da pandemia”, destacou Fânia.

Vale destacar que este estudo foi desenvolvido por amostragem, do tipo não probabilístico, com um grupo específico de Oficiais de Justiça do Tribunal de Justiça de Alagoas, composto por 188 pessoas, com 99% de confiabilidade das respostas e 10% de erro. O servidores puderam responder e opinar livremente. Confira os principais dados predominantes de cada ítem.

O primeiro questionamento foi sobre o tempo de atividade do Oficial:

Nessa categoria, a pesquisa apontou que 83,5% dos Oficiais de Justiça, cerca de 89 (oitenta e nove dos 103 respondentes), têm permanecido no mesmo estado latente por mais de 15 anos, o que corrobora a intensidade do estado de estresse e/ou de bem-estar dos Oficiais de Justiça indicados nos questionamentos.

Estado psicológico dos OJs durante o exercício da atividade:

O sentimento de estar em estado de alerta o tempo todo foi o maior percentual apurado na pesquisa. Significa dizer que cerca de 47,6% dos respondentes têm uma preocupação maior diante da doença de COVID-19, contrariamente àqueles que apresentaram nervosismo e agitação (23,3%), além daqueles que apresentaram temor diante da contaminação pelo vírus (25,2%).

Sobre o controle da ansiedade e atividades paralelas ao trabalho:

A pesquisa apontou que apenas 40,8% dos respondentes buscam quando possível aliviar a sua ansiedade através da prática de alguma atividade de lazer.

Ainda, dos 103 respondentes, cerca de 28,2% procuram atividades extracurriculares como estudos, cursos e aperfeiçoamento profissional.

Como o oficialato lida com as demandas no trabalho:

Os 43,7% dos respondentes admitiram que em algum momento, não conseguiram lidar com a pressão imposta pelas as demandas do trabalho. Infere-se deste contexto que, mesmo sendo pouco frequente a ocorrência dos Ojs não conseguirem lidar com as demandas do trabalho, revela a interferência do estresse em sua rotina. Ficando 37,9% com a sensação de incapacidade de lidar com as demandas contra 12,6% que conseguem realizar todas as coisas que lhes são impostas.

Sobre o trabalho em Home Office:

30,6% dos OJs relataram que as demandas em razão da facilidade do fluxo de dados em meios digitais (SAJ) aumentaram consideravelmente, e que 29,6% têm dificuldades em separar a vida familiar e pessoal do trabalho com o novo sistema.

O sentimento de perda entre seus pares:

Questionados sobre as vítimas fatais do COVID-19, 69,6%, os 102 respondentes disseram que temem a qualquer momento contrair a doença em virtude do trabalho e, portanto, sentem-se impotentes diante da realidade.

Frequência de estresse e nervosismo entre os Oficiais de Justiça:

A frequência do estado de estresse e nervosismos entre os OJs respondentes giraram em torno de 54,4%, o mesmo percentual para aqueles que sentiram que os problemas acumularam tanto que não conseguiriam resolvê-los. Embora apenas 35% tenham respondido que a frequência com que sentem estresse não é muito frequente, a pesquisa revela uma paridade entre as duas categorias “estresse” e “acúmulo de problemas” em decorrência da pandemia.

Por fim, Fânia Lira colocou que a pesquisa pretendeu dar maior visibilidade àqueles que atuam na linha de frente do Poder Judiciário, bem como fornecer aos gestores subsídios para formulação de propostas que auxiliem na melhoria das condições de saúde e trabalho dessa categoria.

 

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